A minha filha, Geradora Manifestante Emocional de quase 9 anos é uma ávida utilizadora de tecnologia. Apesar dos meus esforços para afastá-la das maratonas de YouTube e das construções do Minecraft, é ali que ela acaba por passar grande parte das férias. Para tentar contrariar esta tendência as duas escrevemos uma lista de atividades para as férias e, como ela gosta de cozinhar, uma das tarefas era fazer um bolo completamente sozinha. Depois de encontrarmos uma receita simples e de reunirmos todos os ingredientes, eu deixei-a só na cozinha. Foi aí que surgiu o típico comportamento de Gerador Manifestante…
Em vez de ler a receita e seguir os dados passo a passo, a minha filha foi medindo os ingredientes e despejou-os todos na tigela. Nesse momento, apercebeu-se que havia instruções que não tinha seguido e, perante o caos, seguiu-se uma onda de emoção gigante que bateu fundo no Plexo Solar Indefinido da sua mãe.
Geradores Manifestantes: a saltar etapas desde o trabalho de parto
A minha filha é a minha maior professora. A minha pequena Geradora Manifestante Emocional 3/5 tem-me ensinado mais sobre mim do que os 28 anos de vida antes dela nascer.
Nascida logo de madrugada às 6:07, a minha filha foi um parto rápido. Quando as contrações se aproximaram fui ao hospital, mas fui mandada para casa:
“Isto é coisa só lá para amanhã à hora do jantar,” disseram-me.
Voltei para casa, mas não aguentei lá muito tempo. Passado 3 horas voltei ao hospital e quando cheguei à maternidade, uma enfermeira passou e ouviu-me gritar com as contrações.
“Precisamos de um quarto JÁ!” gritou ela.
Lá se fora o meu sonho de um parto calmo na água. A minha filha saiu em pouco tempo e depois de uma gravidez de vómitos, dores e muita solidão, finalmente segurei-a nos meus braços e amei-a como nunca tinha amado ninguém.
Nada nos prepara para um filho. Por mais que façamos planos e por mais livros que nos acompanhem durante a gravidez, só percebemos o que fazer quando eles nascem. Eu com a minha Coroa e Ajna abertos estou aberta a todas as possibilidades e o meu Baço Definido gosta de estar preparado, por isso, penso sempre no que pode correr mal… Deixem dizer-vos que nem nos meus piores dias teria pensado no que veio a acontecer…
Ao quinto dia de vida a minha filha começou a chorar desalmadamente. Estão a ver aquele choro fofo dos bebés que parecem uns bonecos? Esse NÃO era o choro da minha filha! O choro da minha filha parecia um grito de dor digno de um Alien do filme com a Sigourney Weaver.
Nada do que eu fizesse ajudava. Mama, mimo, muda a fralda. Tira roupa, mete roupa. Colinho. Dormir com ela. Corri os médicos, as urgências, os especialistas. A minha filha era saudável, estava a desenvolver-se bem, apenas chorava… Muito!
“São cólicas infantis!” disse-me um gastroenterologista prestigiado num dos hospitais privados mais caros de Londres.
Eu tinha-lhe dado £350 por 15 minutos de consulta para ouvir aquilo.
“Então o que se faz?” perguntei eu entre o choro gritante dela.
“Nada. Isso vai passar.”
E passou. Às 22 semanas a minha filha conseguiu agarrar um daqueles brinquedos que ficam por cima dos baloiços e o choro deixou de ser permanente. Nada me tira da cabeça que o choro da minha filha vinha de uma imensa frustração pelos limites físicos do corpo dela. Há muito que ela queria agarrar brinquedos, sentar-se, morder coisas, falar, gatinhar, mas os padrões normais de desenvolvimento não acompanhavam o ritmo da cabeça dela.
Como Educar um Gerador Manifestante
Naquela altura eu não sabia nada de Desenho Humano, mas sabia tudo sobre o que era não ser amada pela pessoa que se é. Eu, num registo diferente, também chorei para dentro as minhas frustrações. Estava decidida a não repetir os mesmos erros dos meus pais.
Não! Havia de cometer os meus próprios erros (Coração Definido) e em vez de tentar limitar a energia da minha filha, optei por alimentá-la. Levava-a sozinha, a pé com ela na mochila ergonómica porque não tinha carro, a aulas de língua gestual para bebés, ioga, dança e música. Levava-a para playgroups ainda que a minha Linha 2 se contorcesse toda e ao parque. Enquanto os outros bebés da idade dela iam para a cama às 7 da noite e dormiam a noite seguida, a minha filha só começou a dormir 6 horas seguidas com 2 anos e meio e ainda hoje adormecer é algo que requer muita persuasão.
A sério! Quando esta miúda começar a ir para as discotecas, eles vão colocar a última música e ela ainda vai estar a dançar em cima das colunas.
A minha filha fala muito e precisa de atenção constante (Garganta definida). No entanto, diz sempre coisas ou engraçadas ou pertinentes. É curioso ouvi-la porque quando ela fala, consegue atrair a atenção e isto é muito útil para uma Garganta indefinida como eu. Ela engana um pouco na escola porque o G dela é indefinido e ela acaba por seguir o comportamento esperado. Comigo ela sabe que não precisa de fazer isso e acaba por ampliar o meu G definido. É uma criança que ninguém descreveria como mal-comportada, mas que surpreende todos por parecer ter mais energia que todos os outros miúdos juntos. Em geral, as crianças são muito boas a adaptarem-se a novas circunstâncias, mas a minha filha, até agora tem respondido com muita positividade às transições de vida, algumas particularmente exigentes como uma mudança de país. O seu G indefinido dá-lhe essa flexibilidade.
O meu método de parentalidade sempre se encaixou dentro da parentalidade consciente ou positiva, onde existe um profundo respeito pela criança como entidade individual. Como pessoa, o meu método é sempre: em caso de dúvida, dar mais amor. É essa a minha escolha quase sempre quando as coisas ficam mais difíceis com ela.
Não posso dizer que não me custa muitas vezes respeitar o ritmo dela. Vale-me ser Geradora e ter a minha bateria naturalmente carregada. No entanto, não é suposto criarmos uma criança sozinha e foi isso que sempre fiz. Com pouco ou nenhum apoio, o cansaço começou a acumular-se e perto dos dois anos dela tive um diagnóstico clínico de burnout. Eu, típica Geradora 5/2 a tentar dar tudo e a ser tudo para todos: cuidar de uma filha, salvar um casamento, criar uma organização sem fins lucrativos para apoiar mães do meu bairro, tirar o curso de conselheira de aleitamento materno e fazer a minha carreira acontecer… Até que o meu corpo disse “Não!”. Seguiu-se um período em que larguei algumas das coisas que me estavam a pesar, mas não mudei a forma como educava a minha filha. Para esse propósito teria de arranjar forças e ainda continuo a buscá-las. Ela é o meu projeto mais sério.
A minha pequena Leoa (de signo, cabelo e capacidade de rugir) sempre gostou de saltar etapas. Mal gatinhou e preferia andar em pé agarrada às coisas, até que conseguiu começou a andar sozinha. Já dizia frases em duas línguas antes de fazer um ano. Ainda recentemente, andou meses com um dente canino a abanar para, no mesmo dia lhe cair o pré-molar e o canino. Por isso, quando ela mete os ingredientes todos ao mesmo tempo na tigela, não me surpreende. Quando o bolo vai ao forno e acaba por sair delicioso, também não.
Os Desafios Que Sinto a Educar a minha Geradora Manifestante Emocional
Não é com o facto dela ser Geradora Manifestante que eu tenho mais dificuldade. É com o facto dela ser Emocional. Fui criada numa casa de Plexos Solares indefinidos, muito calma, ninguém se zangava. Às vezes, acho que eu ia buscar definição do meu Plexo Solar a algum lado porque eu era dada a rasgos de emoção de vez em quando que eram rapidamente esmagados pelos meus pais. Os meus acessos de emoção não eram NADA perto da onda emocional da minha filha. Quando aquilo lhe bate, é melhor sair da frente!
Nem quero imaginar o que é ser mãe de uma Manifestante Emocional. Eu tento dar espaço e apoiar. Se a deixo sozinha parece pior, se tento conter é bem pior. Distrair tem outros efeitos nefastos no condicionamento que ela recebe à volta dela. Eu dou abraços quando ela me deixa mas o meu Plexo Solar ainda custa a deixar passar aquilo tudo (trata-se de um filho ainda por cima!). Às tantas, ela já está a fazer outra coisa distraída e a onda dela ainda fica a bater em mim. Sinto as ondas dela de forma muita interna.
A tomada de decisões também não é simples para ela. Se os Geradores Manifestantes gostam de saltar etapas como é que têm paciência para esperar pela clareza emocional? Ainda por cima ela é uma Linha 3, como é que ela decide sem experimentar? E o Baço, G e Coração indefinido a deixarem-na incerta sobre o que tem medo, quem é e o que quer? Saber o que se quer nesta idade já é por si só difícil. Isto choca com o meu Sacro instantâneo e absoluto. A hesitação dela e potencial mudança de ideias deixa-me frustrada às vezes. Limitar as escolhas ajuda, ainda assim a certeza custa a vir.
“Queres gelado com sabor a pêssego ou tutti-frutti?” pergunto após termos filtrado 8 sabores diferentes e ficado com 2.
“Eu gosto de pêssego mas também gosto de tutti-frutti…” diz-me ela.
“Então, tutti frutti tem pêssego também…”
“Okay, mas se calhar eu quero pêssego.”
“Ótimo! Provas o tutti frutti noutra vez.”
“Podia escolher o tutti frutti…”
Temos a Linha 5 em comum e apesar disso nos trazer harmonia em termos de Perfil, não deixa de ser um ponto de conflito. A capacidade da Linha 5 para a projeção significa que podemos facilmente desiludir-nos uma com a outra. Se eu, por qualquer motivo, levanto a voz, ela logo me diz que eu não costumo falar com ela assim. Eu, ao vê-la ser menos empática com uma amiga, chamo-a à razão porque eu ensinei-a a ser melhor que isso. Isto quer dizer que ambas nos damos pouca margem de erro porque temos expectativas altas uma da outra. Em termos de maternidade isto é perigoso. Já temos muita tendência para esperar que os filhos sejam tudo aquilo que não conseguimos ser, logo, fazemos uma projeção nossa neles. Com a Linha 5, isto acentua-se. A minha vantagem é que somos as duas suficientemente diferentes para eu discernir que ela vai ser sempre a sua própria pessoa, com o seu trajeto e objetivos únicos.
Com a Raiz dela definida e a minha completamente aberta, a minha filha manda em mim. Basta ela dizer “Tenho fome!” que, inconscientemente me levanto logo e vou preparar algo para ela comer. Um qualquer pedido dela causa enorme pressão em mim, por mais pequeno, inútil ou infundado que seja. Por enquanto, acho que ela ainda não se apercebeu que tem este poder sobre mim. Isso e mais o facto de ser Geradora com um Ângulo Esquerdo da Cruz do Plano: é natural para mim servi-la.
No entanto, quando estamos juntas, a nossa parceria fecha todos os centros. Funcionamos muito bem juntas, só as duas e como isto é o que acontece a maioria do tempo, a nossa convivência é relativamente tranquila e auto-suficiente. Tal como tudo o que tem luz, aqui também há sombra: há pouco espaço para outras pessoas entrarem. A nossa história de vida também fez com que ficássemos muito ligadas, numa temática de “Nós as duas contra o mundo.” Fazendo com que estejamos muito bem as duas sozinhas.
Temos alguns compromissos que ainda não se manifestaram mas que não duvido comecem a surgir na adolescência, sobretudo quando a Linha 3 dela quiser começar a experimentar mais.
A Benção de Ter uma Geradora Manifestante
Todas as crianças precisam de compreensão e aceitação por parte dos pais. Eu, filha de uma Geradora e de um Projetor não o tive, o que nada esteve relacionado com a nossa compatibilidade energética mas sim com o condicionamento dos meus próprios pais. No entanto, quando o tipo de energia é antagonista, a situação pode agravar-se. O meu irmão, Gerador Manifestante, sofreu condicionamento ainda superior que eu porque uma criança (Geradora) Manifestante é rapidamente catalogada como desobediente ou hiperativa. O importante é aceitar a personalidade da criança oferecendo-lhe limites aceitáveis e opções que os permitam reter algum controlo da situação. Conhecer o seu tipo de energia ajuda-nos a fazer esse ajuste da forma correcta.
O próprio conceptualizador do Desenho Humano, Ra Uru Hu, disse que o sistema de Desenho Humano era mais útil para as crianças. Os nossos filhos não vêm com um manual de instruções mas e se viessem com o seu Gráfico. Hoje em dia já sabemos da importância dos primeiros 7 anos de vida no desenvolvimento infantil e do impacto que estes carregam para o resto da sua vida. Afinal de contas, as nossas crenças pessoais ficam enraizadas aí, mas quando não sabemos o que é certo ou errado para os nossos filhos, que são diferentes de nós, como é que os podemos apoiar da forma que eles necessitam? Teria sido tão mais fácil aceitar a primeira infância da minha filha se tivesse tido acesso a este conhecimento. Hoje em dia, tudo o que sei dela em termos de Desenho Humano, sei aplicar para ser uma mãe que realmente aceita a filha como ela é e lhe dá amor incondicional.
Os pais não-sacrais de Geradores Manifestantes podem sofrer em particular com tanta energia. É fundamental que saibam dar prioridade ao seu descanso e que tentem encontrar atividades que realmente gostem para fazer com os seus filhos Geradores Manifestantes. Mesmo os sacrais, embora com reservas de energia superiores, precisam de entender que ninguém pode encher o copo de outra pessoa se o seu jarro estiver vazio.
Sei que nenhuma mãe trocaria o seu filho por outro “mais fácil”. Porém, eu realmente sinto que ganhei muito com a filha que tenho. Ela tira-me da zona de conforto, chama-me para fora da minha casinha de eremita e faz-me ser uma pessoa melhor. Além disso, é uma pequena pessoa muito divertida e cheia de perspicácia que enriquece a minha vida todos os dias. A sua Autoridade Emocional e as ondas que vêm daquele Plexo Solar definido, forçam-me a lidar com o conflito que passei a minha vida inteira a evitar. Não lhe daria outro tipo de energia ou Autoridade se pudesse.